segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

1984 - O segundo seminário




Após o termino do primeiro seminário, nos reunimos e começamos a desenhar as diretrizes para o segundo. O tema, como já foi dito, era o livro 1984 de George Orwell. As idéias sobre o que (e como) apresentar eram muitas, e os debates foram muitos até que chegamos a um consenso de que apresnetaríamos uma dramatiação passada dentro do universo de 1984, porém, com retoques brasileiros. O cronograma foi acertado e seguido na medida do possível. Os encontros foram muitos: redação, ensaios, filmagens, locuções, fotografias. Fizemos uma produção até grandiosa para o que se esperava de um seminário, e o resultado, mais um vez, foi compensador. Ao final, nossa apresentaçào foi dividida em 4 partes: A encenação da esquete "Cotidiano", que retratava alguns framentos da vida de um casal em 1984; uma breve colocação sobre a obra e o autor, feita para situar a classe do que havia sido apresentado; uma reportagem de rádio feita pela equipe contando o caso da menina Eloá de forma distorcida pelo Ministério da Verdade, onde a garota era retratada como a vilã da história; e a abertura para a discussão, onde, de acordo com a minha opinião, tivemos um dos momentos mais agradáveis do curso.

1984 fala sobre uma sociedade controlada e manipulada pelo governo. O mundo em que se passa a história é dividido em 3 países: Eurásia, Lestásia e Oceania (onde vive nosso personagem principal, Winston Smith). Os três países vivem em guerra um com o outro, sendo que no início do livro, a Oceania está em guerra com a Eurásia, porém, de uma hora para a outra, o inimigo deixa de ser a Eurásia e passa a ser a Lestásia. Tudo isso é possívl graças ao controle que o governo exerce sobre a opinião pública e a uma coisinha chamada duplipensar. Que significa, nas palavras do próprio autor:

"Saber e não saber, ter consciência de completa veracidade ao exprimir mentiras cuidadosamente arquitetadas, defender simultaneamente duas opiniões opostas, sabendo-as contraditórias e ainda assim acreditando em ambas; usar a lógica contra a lógica, repudiar a moralidade em nome da moralidade, crer na impossibilidade da Democracia e que o Partido era o guardião da Democracia; esquecer tudo quanto fosse necessário esquecer, trazê-lo à memória prontamente no momento preciso, e depois torná-lo a esquecer; e acima de tudo, aplicar o próprio processo ao processo. Essa era a sutileza derradeira: induzir conscientemente a inconsciência, e então, tornar-se inconsciente do ato de hipnose que se acabava de realizar. Até para compreender a palavra "duplipensar" era necessário usar o duplipensar."
Outra arma do governo era a Novilíngua, um idioma ainda em construção, mas que, quando estivesse pronto, impossibilitaria qualquer manifestação contrária ao governo. Isso era conseguido ao se retirar palavras e expressões, reduzindo o poder comunicacional. Aliás, a comunicação é a forte arma do governo, em 1984. Presentes em todas as casas estavam Teletelas, uma espécie de televisão que recebe e envia imagem, aumentando ainda mais o controle do governo.

A trama de 1984 gira em torno da rebelião interna de Winston, que começa a questionar o governo e encontra alguns aliados dentro de sua jornada. É então mostrado todo o poder de um governo totalitarista e todo o dano que ele causa no individualismo e na satisfação pessoal.

1984 foi escrito como um aviso por Geroge. Em 1948, ano em que foi escrito, o mundo acabava de ter saído da mais sangrenta das guerras até o momento, e as supernações pareciam emergir. A sombra da Guerra Fria já se espalhava pelo mundo e era muito fácil imaginar que o mundo se tornaria um eterno campo de Guerras Mundiais. Apesar de falar sobre um futuro imaginável, George falava sobre seu momento, falava sobre o que via e sobre o que seria um futuro caso o mundo seguisse daquela forma.

Alguns dirão que é claro que George estava enganado. Não vivemos em ditaduras. Não somos controlados pelos governos totalitaristas. Cada homem e cada mulher é livre para decidir o que desejam para as suas vidas. Porém, não seria o mercado, as grandes indústrias, os governos totalitários e tiranos de nossos dias?

Pense bem, nós consumimos mais do que desejamos, aliás, consumimos o que querem que desejamos. Somos escravos de tendências, de padrões, de marcas e produtos. Somos controlados por essas marcas e produtos e não nos parece haver saída disso. Mas eu sou livre, compro o que quero, pode dizer algum. Ele estará certo, desde que não se esqueça de vestir sua calça jeans velha e desbotada. Não precisamos de guerras para aquecer a economia, temos a coleção primavera-verão, para isso. Ao lermos 1984, nos chocamos com a realidade em que os personagens vivem, mas nos esquecemos de que essa realidade não é chocante para eles, que vive nela. Há muita coragem e muita força de vontade no personagem principal para questionar o meio em que vive e rebelar-se. Quem sabe se um morador da Oceania viesse nos visitar em nossa sociedade, se ele não sentiria aquilo que sentimos por ele: dó.

O Grande Companheiro cuida de vós!

Um comentário:

André L. Santana. disse...

Mário, acho que o nome da peça é "Coletivo".

Também, tu tava morrendo de sono quando escrevemos a bagaça!