segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

FIm

E tudo acaba assim.

Não olhe para trás.

Midia e Poder

Um semestre inteiro sob a matéria Mídia e Poder e o que aprendi? Bem, aprendi poucas coisas, confesso, mas todas elas foram voltadas para a forma com que vejo e analiso a realidade ao meu redor. Respostas eu não tive, mas isso somente me agradou. O curso inteiro, ao final, foi voltado a ensinar ao aluno que existe sempre mais de uma forma da enxergar a mesma coisa. A visão múltipla, epistêmica, ao mesmo tempo que impede que a análise de alguma coisa seja monótona, impede também, ao mesmo tempo, que ela seja desconexa. Vários pontos de vista se unem para formar um ponto mais conciso e inteligente. Porém, nunca um ponto final. Quando se matricula em uma matéria chamada Mídia e Poder, espera-se um curso voltado a demonização das mídias de massa, um curso que condene os grandes meios e os culpe pela banalização e manipulação da população. Ou que faça o oposto, que louve tal aitude. Mas nunca espera-se um curso que lhe mostre o óbvio: Mídia é meio, o que importa é quem controla esse meio; é a pessoa por trás da cortina. Como crítica ao curso, reclamo da duração do mesmo. Não há tempo para se aprofundar nos assuntos do jeito certo. Tudo acaba meio atropelado e, quando vemos, mais uma aula se passou. Não sei se dividir o curso em duas matérias seria uma solução, ou cortar algumas aulas, para se aprofundar em outras. Só sei que saí de muitas aulas querendo falar e, acredito eu, isto represente um saldo positivo.

1984 - O segundo seminário




Após o termino do primeiro seminário, nos reunimos e começamos a desenhar as diretrizes para o segundo. O tema, como já foi dito, era o livro 1984 de George Orwell. As idéias sobre o que (e como) apresentar eram muitas, e os debates foram muitos até que chegamos a um consenso de que apresnetaríamos uma dramatiação passada dentro do universo de 1984, porém, com retoques brasileiros. O cronograma foi acertado e seguido na medida do possível. Os encontros foram muitos: redação, ensaios, filmagens, locuções, fotografias. Fizemos uma produção até grandiosa para o que se esperava de um seminário, e o resultado, mais um vez, foi compensador. Ao final, nossa apresentaçào foi dividida em 4 partes: A encenação da esquete "Cotidiano", que retratava alguns framentos da vida de um casal em 1984; uma breve colocação sobre a obra e o autor, feita para situar a classe do que havia sido apresentado; uma reportagem de rádio feita pela equipe contando o caso da menina Eloá de forma distorcida pelo Ministério da Verdade, onde a garota era retratada como a vilã da história; e a abertura para a discussão, onde, de acordo com a minha opinião, tivemos um dos momentos mais agradáveis do curso.

1984 fala sobre uma sociedade controlada e manipulada pelo governo. O mundo em que se passa a história é dividido em 3 países: Eurásia, Lestásia e Oceania (onde vive nosso personagem principal, Winston Smith). Os três países vivem em guerra um com o outro, sendo que no início do livro, a Oceania está em guerra com a Eurásia, porém, de uma hora para a outra, o inimigo deixa de ser a Eurásia e passa a ser a Lestásia. Tudo isso é possívl graças ao controle que o governo exerce sobre a opinião pública e a uma coisinha chamada duplipensar. Que significa, nas palavras do próprio autor:

"Saber e não saber, ter consciência de completa veracidade ao exprimir mentiras cuidadosamente arquitetadas, defender simultaneamente duas opiniões opostas, sabendo-as contraditórias e ainda assim acreditando em ambas; usar a lógica contra a lógica, repudiar a moralidade em nome da moralidade, crer na impossibilidade da Democracia e que o Partido era o guardião da Democracia; esquecer tudo quanto fosse necessário esquecer, trazê-lo à memória prontamente no momento preciso, e depois torná-lo a esquecer; e acima de tudo, aplicar o próprio processo ao processo. Essa era a sutileza derradeira: induzir conscientemente a inconsciência, e então, tornar-se inconsciente do ato de hipnose que se acabava de realizar. Até para compreender a palavra "duplipensar" era necessário usar o duplipensar."
Outra arma do governo era a Novilíngua, um idioma ainda em construção, mas que, quando estivesse pronto, impossibilitaria qualquer manifestação contrária ao governo. Isso era conseguido ao se retirar palavras e expressões, reduzindo o poder comunicacional. Aliás, a comunicação é a forte arma do governo, em 1984. Presentes em todas as casas estavam Teletelas, uma espécie de televisão que recebe e envia imagem, aumentando ainda mais o controle do governo.

A trama de 1984 gira em torno da rebelião interna de Winston, que começa a questionar o governo e encontra alguns aliados dentro de sua jornada. É então mostrado todo o poder de um governo totalitarista e todo o dano que ele causa no individualismo e na satisfação pessoal.

1984 foi escrito como um aviso por Geroge. Em 1948, ano em que foi escrito, o mundo acabava de ter saído da mais sangrenta das guerras até o momento, e as supernações pareciam emergir. A sombra da Guerra Fria já se espalhava pelo mundo e era muito fácil imaginar que o mundo se tornaria um eterno campo de Guerras Mundiais. Apesar de falar sobre um futuro imaginável, George falava sobre seu momento, falava sobre o que via e sobre o que seria um futuro caso o mundo seguisse daquela forma.

Alguns dirão que é claro que George estava enganado. Não vivemos em ditaduras. Não somos controlados pelos governos totalitaristas. Cada homem e cada mulher é livre para decidir o que desejam para as suas vidas. Porém, não seria o mercado, as grandes indústrias, os governos totalitários e tiranos de nossos dias?

Pense bem, nós consumimos mais do que desejamos, aliás, consumimos o que querem que desejamos. Somos escravos de tendências, de padrões, de marcas e produtos. Somos controlados por essas marcas e produtos e não nos parece haver saída disso. Mas eu sou livre, compro o que quero, pode dizer algum. Ele estará certo, desde que não se esqueça de vestir sua calça jeans velha e desbotada. Não precisamos de guerras para aquecer a economia, temos a coleção primavera-verão, para isso. Ao lermos 1984, nos chocamos com a realidade em que os personagens vivem, mas nos esquecemos de que essa realidade não é chocante para eles, que vive nela. Há muita coragem e muita força de vontade no personagem principal para questionar o meio em que vive e rebelar-se. Quem sabe se um morador da Oceania viesse nos visitar em nossa sociedade, se ele não sentiria aquilo que sentimos por ele: dó.

O Grande Companheiro cuida de vós!

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Dancing with myself

Post escrito em 19/11/2006 para o blog nonameshideout.com

O grande problema dos dias de hoje é a velocidade e a disponibilidade das informações. Todas as verdades do universo estão a disposição em qualquer livraria, cinema, igreja ou boteco. Nós sabemos tudo em teoria, mas o que realmente aplicamos? Muito pouca coisa. Somos rodeados por tanto “som e fúria” que não passamos tempo suficiente em contato com uma verdade. Ao final, tudo vira jargões e frases feitas: uma sociedade formada por livros de auto-ajuda.

Uma dessas verdades que me bateu a porta recentemente foi a do amor próprio. É aquela que diz mais ou menos isso: antes de podermos amar alguma pessoa, devemos amar a nós mesmos. Não vou perder tempo explicando a frase, todo mundo já sabe o que ela quer dizer. O amor próprio é importante e pronto e quando você perceber que quanto mais você se amar (sem se tornar narcisista, é claro), mas ficará bonito, atraente, confiante ou simplesmente (e mais importante) feliz.

Agora vá até o espelho e sorria, aceite-se porra! Ame-se (mas sem pensar besteira, isso é bem melhor acompanhado).

Beijos!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Gazeta Esportiva.Net - O primeiro seminário

Os três trabalhos que nos foram passados logo no início da matéria Mídia e Poder foram 2 seminários e a confecção de um blog. O primeiro seminário teria 40 minutos e um tema livre. O segundo teria uma hora e meia e teria como tema uma das 4 obras selecionadas pelo professor Dimas: Admirável Mundo Novo, 1984, Cidadão Kane e A Montanha dos Sete Abutres. O trabalho era em grupo, e os grupos foram formados se baseando em uma das quatro obras que alguém escolhia. Eu escolhi 1984 e meu grupo ficou com umas 12 pessoas: o maior grupo da classe.

Eu sou do tipo de pessoa que não acredita em trabalho em grupo. Pelo menos não no trabalho de 12 pessoas em conjunto. Quem faz bolo sabe que quanto mais gente, pior o resultado. É claro que, ao final, não foram todas as pessoas que participaram de ambas as apresentações (apesar de algumas terem se dedicado muito nas duas), mas confesso que fiquei assombrado com a quantidade de gente trabalhando em equipe e com os resultados maravilhosos que atingimos.

O primeiro seminário, o de tema-livre, foi a respeito do jornal esportivo A Gazeta Esportiva, que tem sua redação no próprio prédio da faculdade. O principal motivo para termos escolhido esse tema foi a facilidade de conseguirmos as informações necessárias. Isso acontece porque um dos membro do nosso grupo, o Erick, é Editor-Executivo do jornal. Coisa básica.



Apesar de ter sido escolhido pela facilidade, o tema foi bastante pertinente com a proposta da matéria. Afinal, o jornal foi originalmente impresso, ficando assim por umas dezenas de anos, em 10 de outubro de 1947, mas passou a ser apenas virtual em 21 de novembro 2001, após um período de alguns anos de existência impressa e virtual. Falamos assim sobre a necessidade de adaptação midiática e sobre as tendências da mesma. No caso da Gazeta Esportiva, a transição não foi apenas uma jogada para cortar custos, aumentando o lucro, mas sim uma necessidade para manter o jornal vivo. Hoje a Gazeta Esportiva é um dos sites esportivos mais importantes do Brasil, sendo vencedor de diversos prémios e um dos poucos (se não o único) que envia reporteres diretamente aos eventos, cobrindo de forma exclusiva a maioria dos eventos esportivos. Essa capacidade de cobertura fez com que fosse criada a Gazeta Press, uma agência de notícias esportivas que vende textos e imagens para outras redações que as queira comprar. Apesar disso, o processo de transição foi bem complicado e a redação teve que ser enxugada de 138 para 40 funcionários.



Nosso trabalho foi divido em duas partes, a parte que falava do impresso e a parte do virtual. Resolvemos fazer tudo com vídeos e imagens estáticas, evitando o máximo de palestra possível. Isso foi feito para quebrar um pouco dos padrões dos trabalhos apresentados em classe, mas confesso que também teve um pouco de timidez dos integrantes do grupo. A parte impressa foi apresentada na forma de um telejornal, apresentada pelo próprio Erick. A parte impressa foi feita com uma apresentação de imagens, tipo slide, e foi narrada pelo Roberto. Após isso, conseguimos a presença do ilustr jornalista Chico Lang, que relatou um pouco sua vida como jornalista de jornal impresso e de jornal on-line. Uma das coisas mais estranhas que ele disse foi que a grande diferença entre o jornalismo impresso e de virtual é que no segundo, os texto tem que ser mais concisos e menores. Eu sempre pensei que fosse o oposto, umaa vez que bits são bem mais baratos do que dpis. Mas ele me convenceu do contrário: quem lê notícias na internet precisa de coisas rápidas, afinal são muitos textos para ler e qualquer informaçào que se prolongue demais se torna cansativa. Novamente é a lei de mercado: quando a oferta é grande, a qualidade deve aumentar. E, no caso do jornalismo, qualidade é informar com a maior eficiência possível. Ou seja, com o menor número de palavras que for possível. É claro que isso se aplica para textor jornalísticos apenas. Caso contrário, eu teria acabado de cometer suicídio. Ao final do discurso do Chico, foi aberto para perguntas e ele respondeu algumas com seu bom humor e carisma.

A apresentação, em minha opinião, foi um grande sucesso. Foi bem trabalho, confesso. Eu fiz a edição dos vídeos com a Paty e o Erick e ficamos mais de 8 horas editando um vídeo de 15 minutos. O resultado compensou e o grupo inteiro ficou muito satisfeito.

No próximo post vou falar um pouco sobre o segundo seminário: 1984! O Grande Companheiro Olha por Vós!

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Queen+Paul Rodgers - Via Funchal 26/11

Acordei cansado em 3 de outubro, uma segunda-feira. Sem o menor pique para nada e ainda deprimido por ter mais uma semana de trabalho pela frente, abro o Gmail e vejo que recebi uma mensagem de um site/fã-clube do Queen que eu nem me lembrava ter me cadastrado. O mail informava a todos que estivessem interessados que os usuários cadastrados poderiam comprar com antecedência, pela internet, a partir daquela data, ingressos para o show do Queen+Paul Rodgers que aconteceria nos dias 26 e 27 em São Paulo. Calma aí, show do Queen? Eu não estava sabendo e muito menos esperando algo do tipo. Fui consultar os preços e vi que o setor mais barato, a Pista, custava 270 mangos. O mais caro era a pista VIP, que era em frente a Pista, que custava a bagatela de R$900,00! Liguei para minha mãe pedindo aconselhamento. Ela disse para eu pensar direito e eu assim o fiz. Por uns 3 minutos. Quando já havia pensado demais, entrei no site e fiz a compra. Para minha não-tão-grande surpresa, havia uma taxa de conveniência de R$48,60. No total, o ingresso ficou em R$318,60. Belo início de semana.


Foto do show de São Paulo - 26/11


Neste exato momento estou novamente cansado. O show acabou faz uns 30 minutos e eu já estou em casa, refletindo sobre o que rolou e digitando esta resenha.

Confesso que não estava muito animado para ir. Entendam, era uma situação complicada: era show do Queen, mas sem o Freddie. Eu tinha que ir pois não haverá outra forma d'eu assistir um show do Queen. Porém, para mim, o Queen sempre foi o carisma do Freddie. E sem ele, vira quase um show cover. O mais difícil era contar para as pessoas da geração que foi jovem nos anos 80 que eu ia no show do Queen. A maioria tirava sarro e eu sempre acabava me desculpando, como se tivesse feito algo errado. Ir nesse show era algo parecido como comemorar o título mundial do Corinthians. Você pode até ter orgulho dele, mas ninguém o leva a sério. Outro motivo para o meu desânimo estava no bar, junto com meus amigos da pós que haviam se reunido para comemorar o aniversário do Leo. A noite estava muito divertida, e ter que abandonar aquilo me deixou mais ainda sem vontade de sair. Se eu não tivesse pagado tão caro e se não soubesse que não haveria outra oportunidade igual em um bom tempo, eu teria ficado no bar.

Quando era umas 20:40, me despedi do pessoal da Pós e fui até o Extra, para sacar dinheiro para um taxi. O show começaria as 22:00 e eu não queria me atrasar. Então eu saquei o dinheiro e entrei no taxi do Seu Antônio, um motorista meio confuso, que não aceitava o fato de que o Via Funchal ficava na Rua Funchal. Bem, fazer o que? Acredito que o equivoco dele tenha me custado alguns reais a mais. Mas, eu não ia perder meu tempo reclamando. De taxi, gastei R$33,00.

Como eu havia comprado meu ingresso pela internet, tive que ir ao guichê retirá-lo. Por ironia do destino, o cartão que eu tinha usado para fazer a compra tinha expirado e haviam me dado outro, com outra numeração. Isso fez com que eles estornassem minha compra anterior e passassem meu cartão novamente. O rapaz do guichê se equivocou e passou apenas R$318,00. Talvez eu tenha ganhado R$0,60!

Entrar foi relativamente simples, sem nenhuma complicação. Lá dentro, fui direto à chapelaria deixar minhas blusas. Mais R$5,00. Logo depois dei uma paradinha na lojinha e acabei comprando uma camiseta por R$60,00 que achei linda. Ela tem o Freddie vetorizado bem grande na frente (na mesma pose da estátua de Montreux). Comprei também uma moeda do Brian May por R$15,00, que a menina insistia que ele usava para tocar sua guitarra. Nessa hora comentei que se o guitarrista da minha banda (o Dye) ficasse famoso, as pessoas venderiam pedaços de bilhetes-único, pois é isso que ele usa como palheta. Após as compras, subi a já clássica escadaria branca do Via Funchal (já perdi a conta de quantos shows já vi naquele lugar) e aguardei o início do show. Foi quando entrei no auditório que cai realmente na real: aquilo era um show do Queen. Ok, sabemos que se o Freddie estivesse vivo, o show não seria no Via Funchal, mas sim em algum estádio gigantesco, mas mesmo assim, o palco era um dos mais elaborados que eu já havia visto. Eu não sabia que o Funchal tinha capacidade para algo tão grandioso. Eu que estava acostumado a um pano preso ao fundo do palco.

O show, como já disse, estava programado para as 22:00 e realmente começou no horário (com alguns pouquíssimos minutos de atraso). A abertura do show foi impressionante, o fundo inteiro do palco era um telão formado por diversos quadrados onde o vídeo era projetado. Os quadrados iam se tornando mais escassos nas beiradas, abrindo alguns buracos onde haviam luzes. O show começou com uma animação sobre o espaço. Uma espécie de viagem por entre as estrelas até o planeta Terra. Quando lá chegou, a animação mudou rapidamente para algo parecido com o código da Matrix e pude perceber que os códigos formavam a figura de um martelo. Pensei: "seria uma boa animação para Hammer to Fall, mas eles devem abrir o show com uma canção nova, a Cosmos Rockin'". Engano meu, era Hammer to Fall mesmo. Eles tocaram a música quase inteira, mas após o solo, emendaram em Tie Your Mother Down, outro clássico. Quase não se ouvia o vocal do Paul Rodgers, o que me deixou feliz. O pessoal não parecia conhecer tão bem assim as músicas, mas tinha uma cara atrás de mim que berrava tanto, que eu não conseguia ouvir nada além dos instrumentos e de nossas vozes (eu também berrava). Logo em seguida eles começaram a tocar Fat Bottomed Girls, sob uma animação de bicicletas em cores neon. Um coisa que percebi é que o Paul Rodgers não tem a menor graça cantando. Não sei se era só culpa dele, mas parecia que as músicas eram tocadas em um andamento mais lento, e mesmo assim ele tinha dificuldades de acompanhar. Sem falar nas diversas "liberdades de expressão" que o cara tomou durante as músicas do Queen que cantava. Quem me conhece, sabia que eu ia reclamar de qualquer outro vocalista que não fosse o Freddie. E ia mesmo. Mas minhas reclamações são justas, acredito eu.

Logo depois de Fat Bottomed Girls veio Another One Bites the Dust, acompanhada por uma animação bem divertida ao fundo. Após, a banda tocou I Want It All, do álbum The Miracle (um dos álbuns que o Queen não fez turnê). A canção ficou bem legal na voz do Paul e desta eu não vou reclamar. Em seguida tocaram I Want to Break Free, que ficou bem lentinha e chatinha. O povo até curtiu, mas eu não me empolguei com ela não. Depois foi a vez de C-Lebrity, single do CD novo The Cosmos Rocks. A canção foi muito bem executada e os backing vocals impressionaram. Aliás, algo que esqueci de comentar. Além dos três caras esperados (Brian May, Roger Taylor e Paul Rodgers) havia ainda um tecladista, um baixista e mais um guitarrista de apoio. Grande parte dos backing vocals foram feitos por esses caras, que arrasaram. C-Lebrity soou muito mais natural do que as canções anteriores. isso talvez deva ao fato dela ter sido feita para o vocal do Paul e de ninguém ter uma gravação dela com o Freddie cantando para poder comparar. Depois disso eles tocaram Surf's Up... School's Out, também do álbum novo, uma música que seria bem divertida não fosse o fato de ser uma música que fala de rebeldia adolescente escrita por senhores de certa idade. Soou meio forçado o tema, na minha opinião. Com o fim dessa música, Brian falou ao microfone e apresentou o Paul Rodgers, que apareceu com um violão na mão sozinho e cantou uma música que não sei qual era. Acho que ninguém percebeu, mas o violão não estava plugado em lugar nenhum. Neste momento eu estava bastante entediado. O show havia começado até que bem, mas estava muito cansativo e sem a menor animação.


Foto do show de São Paulo - 26/11


E eis que acaba a música do Paul e ele saí (uhu!!!). Nisso, volta o Brian com outro violão (este plugado). Percebo que o violão tem 12 cordas, o que só pode significar uma coisa. Quem é fã do Queen já sabe o que aconteceu. Mas para quem não é, saiba que foi neste momento que Brian perguntou ao público se gostaríamos de cantar uma canção para o Freddie. É claro que aceitamos e Brian tocou Love of My Life para que cantássemos, como sempre acontece nos shows do Queen desde o final dos anos 70. Love of My Life foi um momento lindo, apesar d'eu já estar meio cansado dela. Acho que o que me animou foi o fato dela ser tão tradicional que me fez voltar a perceber que estava um show do Queen. Após Love of my Life, os roadies começaram a trazer mais um micofone e o bumbo de uma bateria para mais um momento clássico dos shows do Queen: '39. De início, somente Brian e Roger tocaram a música. Mas após o primeiro refrão, Brian interrompeu e chamou o resto da trupe (sem Paul, graças ao Bom Pai) para continuar a música. Terminada ela, todos partiram menos Roger, que ficou batucando na lateral de sua bateria, tirando um som num kit menor mesmo que o do Flavio (Pinguim, para a gente) do Projetonave. Ao lado do seu bumbo estava o contrabaixo acústico que o baixista havia levado para tocar '39 e o próprio baixista. Então o Roges começou a batucar no baixo e o baixista a pressionar as notas para que Roger solasse algumas melodias. Em certo momento, Roger e o baixista tocaram trechos de Under Preassure e Another One Bites the Dust com Roger batucando o baixo e o baixistas escolhendo as notas corretas. Bem criativo.

Depois disso Roger voltar para seu bumbo e continua a batucar na lateral. Um roadie traz um chimbal e uma caixa e Roger continua solando. Aos poucos são adicionadas outras partes da bateria, sem que o solo seja interrompido, até que uma bateria completa tenha sido montada na frente do palco. Quando eu percebi que a intenção era montar um kit completo pensei: "Putz, I'm in Love With My Car", música que tem Roger nos vocais originalmente. Eu estava certo. Todos os momentos em que o Queen tocou sem o Paul Rodgers foram mágicos. Não senti falta de outro vocalista em nenhum momento e somente o Brian e o Roger fizeram um show (com a banda de apoio, é claro - estamos falando de Queen, não White Stripes). Ao acabar I'm in Love With My Car, achei que Roger fosse voltar para sua bateria no fundo do palco, mas ele continuou na frente e tocou e cantou A kind Of Magic, que ficou bem animada e divertida. Depois ele seguiu em sua bateria frontal e começou a cantar Say It's Not True, uma canção velha do álbum novo, pois já estava presente no CD ao vivo de 2005 - Return of the Champions. Disse que Roger começou a cantar, pois logo Brian tomou os vocais e por último Paul retornou para finalizar a canção.

Paul estava de volta, o que significava momentos chatos. Após Say It's Not True, Roger voltou a sua bateria aos fundos do palco e as luzes se apagaram. Em questão de segundos, a bateria havia sumido e haviam colocado um piano bem no centro do palco. A idéia foi bem legal, mas a canção tocada, não. Não sei ao certo, ams me parece que era Bad Company, da banda Bad Company (a qual Paul Rodgers era vocalista). A música foi executada com imagens da carreira do Paul ao fundo. Perda de tempo na minha opinião. Mas fazer o que: era um show do Queen+Paul Rodgers e não apenas do Queen. Após bad Company, mais uma do CD novo, We Believe, que, como todas as canções do álbum novo, foi executada à perfeição (principalmente nos coros, insisto).

Em seguida, Brian começou a solar. No meio do solo ele inseriu partes de seu solo favorito, o solo de Brighton Rock. Uma curiosidade: o solo de Brighton Rock começou a ser desenvolvido quando Brian ainda estava no Smile e era usado em uma música chamada Blag, se não me engano. Mais tarde, já no Queen, Brian adicionava o solo quando executava Son and Daughter ao vivo. Eu pensei que Brian ia começar a tocar Now I`m Here, mas ele me surpreendeu e começou a tocar Bijou (que faz parte do álbum Innuendo - outro sem turnê e último do Freddie em vida). A música é basicamente um grande solo de guitarra, mas há vocais. Nesta parte, um vídeo de Freddie apareceu no telão, para alegria do povo e um playback de Freddie cantando foi ouvido. Após Bijou, Brian continuou o solo, desta vez acompanhado levemente por Roger. Eles tocaram alguns temas que me pareceram conhecidos, mas eu não soube identificar. Em emenda a isso, tocaram Under Preassure, com Roger nos vocais. A música foi executada maravilhosamente e tive uma alegria imensa em ouví-la ao vivo. No momento lembrei-me de um texto que escrevi a algum tempo atrás que fala sobra a importância de amar, pois não há mais nada nos dias de hoje de bom. Foi um dos momentos em que mais me alegrei no show. Após Under Preassure, tocaram Radio Ga Ga, outro clássico de shows. Todo mundo sabia que devia erguer as mãos no refrão e batê-las no ritmo. O hilário foi perceber que a noção de ritmo e tempo de alguns não anda muito boa. Dei umas boas risadas nesta música. Depois disso tocaram Crazy Little Thing Called Love, uma música legal que não fede nem cheira: um rock dançante e ponto. Mas após essa música, eles conseguiram me embasbacar. Tocaram The Show Must Go On (do Innuendo também) e a executaram com uma beleza magistral (que seria maior ainda se não tivesse o Paul Rodgers enchendo o saco). É nessas horas que você vê todo o potencial do Queen e do Freddie. Nem preciso falar sobre como amo essa música, não? Mas para quem achar que preciso falar, leia este post antigo. Com o fim do The Show Must Go On, um momento óbvio que eu havia me esquecido que aconteceria: Bohemian Rhapsody. Confesso que não me animei com a execução de um dos maiores clássicos do Queen. Bohemian é uma canção para estúdio, não tem motivo de tocá-la ao vivo. para piorar as coisas, a versão desta turnê é uma colagem absurda de áudios do Freddie cantando com o Roger e o Brian tocando a música ao vivo. Isso não seria problema se não houvesse um choque muito grande entre esta parte e a parte "operística" da música (a dos Galileos), que já é tradicionalmente executada com playbacks. A terceira parte (a Heavy Metal) também chocou-se com a segunda e senti uma leve mudança de tons por causa do Paul (o mal do século, vocês já devem estar pensando). Com o final de Bohemian, encerrou-se a primeira parte do show.

Seguindo o teatrinho do bis, a galera começou a clamar por Queen (um dos piores nomes de banda para se gritar - façam o teste para ver como soa mal) e depois de um certo tempo, começaram a cantas We Will Rock You, prova de que todo mundo sabia que o show já havia acabado, só faltavam cumprir o protocolo de despedida We Will Rock You + We Are The Champions. Tudo o que viesse antes disso seria enrolação. Mas foi exatamente o que aconteceu.

Quando o Queen + Paul Rodgers retornou, eles tocaram a canção tema do álbum novo, a Cosmos Rockin' e eu me peguei pensando em como essa canção seria famosa se tivesse os vocais do Freddie. Entendam, a música é realmente muito boa, e os vocais do Paul estão ótimos, mas o Freddie é o Midas da música pop e ficou faltando o toque dele para transformar The Cosmos Rock em ouro puro. Com o fim da canção, eles tocaram mais uma música do passado do Paul. Eu não sei exatamente o nome da música, mas ela é bem conhecida. Após uma pesquisa no Google, acredito que ela se chama All Right Now e é do Free (outra banda do Paul Rodgers). Ficou provado que o Paul nào é um mau vocalista, pois ele cantou All Right Now muito bem. Ele só não serve pra susbstituir o Freddie (mas quem serve?). Uma barra de chocolate para quem ler até aqui. Após esta, a banda seguiu o protocolo e encerrou o show com a dobradinha do News of the World, We Will Rock You e We Are The Champions. Nào sinti nenhuma emoção ouvindo-as. Alias, eu já não gostava muito delas nos CDs ao vivo com o Freddie, por que gostaria com o Paul Rodgers? Então rolou God Sae The Queen, a banda se curvou para o público, após duas horas e vinte e dois minutos de show e 27 músicas, agradecendo e partiu.

Em resumo, o setlist foi o seguinte:

1 Hammer to Fall
2 Tie Your Mother Down
3 Fat Bottomed Girls
4 Another One Bites the Dust
5 I Want It All
6 I Want to Break Free
7 C-Lebrity
8 Surf's Up School's Out

9 Música em que o Paul Rodgers fez playback no violão
10 Love of My Life
11 '39
- Solo do Roger
12 I'm In Love With My Car
13 A Kind Of Magic
14 Say It's Not True
15 Bad Company
16 We Believe
- Solo do Brian
17 Bijou
- Fim do solo do Brian
18 under Preassure
19 Radio Ga Ga
20 Crazy Little Thing Called Love
21 The Show Must Go On
22 Bohemian Rhapsody

BIS:
23 Cosmos Rockin'
24 All Right Now
25 We Will Rock You
26 We Are The Champions
27 God Save The Queen

A saída rolou sem nenhum problema e a retirada dos meus casacos na chapelaria foi quase instantânea (ao contrário da irritante espera na fila do pocket-show do Marilyn Manson). Na rua segui até o final da Funchal para evitar entrar num taxi e ficar parado aguardando o congestionamento causado pela quantidade de carros saindo de estacionamentos naquele momento. Lá tomei um taxi com o Sidnei, um senhor muito gente boa e educado. Viemos conversando durante o caminho de volta, que foi realmente rápido. Tanto que o taxi na volta saiu por R$20,00 (R$18,20 na verdade, mas dei gorgeta). Aliás, quem estiver pela região da Faria Lima/Pinheiros de madrugada, precisando de um taxi, pode ligar para ele (11) 8344-1897.

Agora estou aqui em casa, terminando esta resenha que demorou quase o mesmo tempo que o show rolou para ser escrita, feliz da vida por ter vivido os momento que vivi hoje e com apenas um pensamento na cabeça:

"Tudo bem que o Freddie Mercury era um vocalista único e que seria realmente difícil encontrar alguém a sua altura para substituí-lo. Mas, será mesmo que precisavam chamar o Chuck Norris?"

terça-feira, 11 de novembro de 2008

O Fim do Sonhar

Publicado originalmente em NoNaMe's HiDEOuT

Aviso: Escrito pelo Garoto Spoiler

Não há nada mais interessante do que a capacidade de gerar reações químicas no nosso corpo que uma história bem contada tem. Eu ainda estou tremendo um pouco, culpo a fome, mas sei que não é apenas isso. Sinto um vazio que mistura a plenitude de nada precisar, a satisfação do fim de uma jornada e o vazio de ter perdido um grande amor. Terminei agora a última edição de Sandman, onde o Lorde Morpheus se despede de uma vez por toda de nós, e juro que o que mais me surpreende neste momento é a ciência de que, apesar d'eu nunca ter ido muito com a cara do Senhor dos Sonhos, fui grandemente cativado por ele e que sinto um grande pesar por sua partida. Sinto como se um grande amigo tivesse partido, como se tivesse acordado do mais belo e significativo sonho de minha vida. Realmente me agarrei àquelas últimas páginas como quando percebemos que vamos acordar e apertamos os olhos, buscando ficar mais um pouquinho. E acordo tentando não me mover, saboreando os resquícios oníricos, feliz ainda por ter vivido aquilo tudo, mas angustiado ao mesmo tempo por não ter mais a certeza de voltar àquele lugar.

Mas...

"Por que isso aconteceu? Por que ele deixou acontecer?"
"Deixar, Matthew? Creio que ele fez um pouco mais do que deixar acontecer...
Generosamente... creio... às vezes, talvez, é preciso mudar ou morrer.
E, no fim, talvez houvesse limites para o quanto ele podia se permitir mudar."
- Conversa entre o corvo Matthew e o Bibliotecário Lucien em Sandman, Depertar.

Ao terminar Entes Queridos, o melhor arco de histórias de Sandman, acreditei que a morte do Senhor dos Sonhos era fruto de uma sucessão de erros. Foi um erro Morpheus visitar Hyppolyta para avisar que seu filho seria dele; foi um erro ele ter libertado Loki, deixando uma imagem em seu lugar; foi um erro aceitar o convite de Delírio na busca de seu irmão, Destruição; foi um erro ele ter atendido ao pedido de seu filho Orpheus e matá-lo; foi um erro ter concedido o direito a um pedido à Nuala - e tê-lo atendido num momento muito impropício; foi um erro não ter forçado Thessaly (agora Larissa) a matar Lyta Hall e mais um monte de erros em série que levaram aquela manifestação do Sonhos dos Perpétuos ao final de sua existência.

Eu estava errado. Qualquer uma dessas coisas podia ser remediada, reparada. Sandman poderia ter fugido, como sugeriu Nuala. Poderia ter feito as coisas acontecerem de outro jeito. Mas isso implicaria mudanças em seu jeito de ser; implicaria ferir o seu orgulho; implicaria assumir um fraqueza que não poderia ser assumida; implicaria se tornar um ser baixo, rasteiro; implicaria não mais ser um ideal. Entre abrir mão de sua essência, tornando-se algo que não convinha com sua altivez e enfrentar a aniquilação total, o Senhor do Sonhos escolhe a segunda. Sábado passado, duas pessoas que me são realmente caras me comparam ao Lorde Morpheus devido ao meu orgulho. Confesso que fiquei enaltecido por ter sido comparado a tamanha personalidade, mas neguei as comparações. Eu não me julgo uma pessoa orgulhosa, mas o contrário. Considero-me uma pessoa que reconhece os danos do orgulho excessivo e evita-os ao máximo. Porém, quando aqueles que o conhecem lhe dizem verdades, é melhor ouvir. E, em um ponto eu concordo em haver semelhanças entre eu e Morpheus: a forma dramática com que encaramos toda nossa existencia e nossos relacionamentos. Há um momento em Um Jogo de Você, se não me engano, em que Sonho acaba de receber a notícia de que não é mais amado pela donzela que estava com ele desde então e cria uma tempestade assustadora que assola todo o sonhar, externando assim tudo aquilo que sentia em seu peito. Muitos sabem que se eu tivesse poderes semelhantes, teria feito o mesmo após o termino do meu namoro no começo do ano. E julgo que seria bem capaz que ela teria o mesmo destino de Nada, como é contado em Estação das Brumas. Talvez, então, penso eu, que eu seja um pouco orgulhoso sim. Muito mais do que eu imaginava e que talvez eu e o Senhor dos Sonhos tenhamos muito mais em comum do que eu aceito.

Talvez seja exatamente por isso que eu nunca tenha ido muito com a sua cara. Talvez seja por isso que eu sofra tanto com a sua partida. Porra, e eu que sempre pensei que Sandman fosse coisa de viado.