Foto do show de São Paulo - 26/11
Neste exato momento estou novamente cansado. O show acabou faz uns 30 minutos e eu já estou em casa, refletindo sobre o que rolou e digitando esta resenha.
Confesso que não estava muito animado para ir. Entendam, era uma situação complicada: era show do Queen, mas sem o Freddie. Eu tinha que ir pois não haverá outra forma d'eu assistir um show do Queen. Porém, para mim, o Queen sempre foi o carisma do Freddie. E sem ele, vira quase um show cover. O mais difícil era contar para as pessoas da geração que foi jovem nos anos 80 que eu ia no show do Queen. A maioria tirava sarro e eu sempre acabava me desculpando, como se tivesse feito algo errado. Ir nesse show era algo parecido como comemorar o título mundial do Corinthians. Você pode até ter orgulho dele, mas ninguém o leva a sério. Outro motivo para o meu desânimo estava no bar, junto com meus amigos da pós que haviam se reunido para comemorar o aniversário do Leo. A noite estava muito divertida, e ter que abandonar aquilo me deixou mais ainda sem vontade de sair. Se eu não tivesse pagado tão caro e se não soubesse que não haveria outra oportunidade igual em um bom tempo, eu teria ficado no bar.
Quando era umas 20:40, me despedi do pessoal da Pós e fui até o Extra, para sacar dinheiro para um taxi. O show começaria as 22:00 e eu não queria me atrasar. Então eu saquei o dinheiro e entrei no taxi do Seu Antônio, um motorista meio confuso, que não aceitava o fato de que o Via Funchal ficava na Rua Funchal. Bem, fazer o que? Acredito que o equivoco dele tenha me custado alguns reais a mais. Mas, eu não ia perder meu tempo reclamando. De taxi, gastei R$33,00.
Como eu havia comprado meu ingresso pela internet, tive que ir ao guichê retirá-lo. Por ironia do destino, o cartão que eu tinha usado para fazer a compra tinha expirado e haviam me dado outro, com outra numeração. Isso fez com que eles estornassem minha compra anterior e passassem meu cartão novamente. O rapaz do guichê se equivocou e passou apenas R$318,00. Talvez eu tenha ganhado R$0,60!
Entrar foi relativamente simples, sem nenhuma complicação. Lá dentro, fui direto à chapelaria deixar minhas blusas. Mais R$5,00. Logo depois dei uma paradinha na lojinha e acabei comprando uma camiseta por R$60,00 que achei linda. Ela tem o Freddie vetorizado bem grande na frente (na mesma pose da estátua de Montreux). Comprei também uma moeda do Brian May por R$15,00, que a menina insistia que ele usava para tocar sua guitarra. Nessa hora comentei que se o guitarrista da minha banda (o Dye) ficasse famoso, as pessoas venderiam pedaços de bilhetes-único, pois é isso que ele usa como palheta. Após as compras, subi a já clássica escadaria branca do Via Funchal (já perdi a conta de quantos shows já vi naquele lugar) e aguardei o início do show. Foi quando entrei no auditório que cai realmente na real: aquilo era um show do Queen. Ok, sabemos que se o Freddie estivesse vivo, o show não seria no Via Funchal, mas sim em algum estádio gigantesco, mas mesmo assim, o palco era um dos mais elaborados que eu já havia visto. Eu não sabia que o Funchal tinha capacidade para algo tão grandioso. Eu que estava acostumado a um pano preso ao fundo do palco.
O show, como já disse, estava programado para as 22:00 e realmente começou no horário (com alguns pouquíssimos minutos de atraso). A abertura do show foi impressionante, o fundo inteiro do palco era um telão formado por diversos quadrados onde o vídeo era projetado. Os quadrados iam se tornando mais escassos nas beiradas, abrindo alguns buracos onde haviam luzes. O show começou com uma animação sobre o espaço. Uma espécie de viagem por entre as estrelas até o planeta Terra. Quando lá chegou, a animação mudou rapidamente para algo parecido com o código da Matrix e pude perceber que os códigos formavam a figura de um martelo. Pensei: "seria uma boa animação para Hammer to Fall, mas eles devem abrir o show com uma canção nova, a Cosmos Rockin'". Engano meu, era Hammer to Fall mesmo. Eles tocaram a música quase inteira, mas após o solo, emendaram em Tie Your Mother Down, outro clássico. Quase não se ouvia o vocal do Paul Rodgers, o que me deixou feliz. O pessoal não parecia conhecer tão bem assim as músicas, mas tinha uma cara atrás de mim que berrava tanto, que eu não conseguia ouvir nada além dos instrumentos e de nossas vozes (eu também berrava). Logo em seguida eles começaram a tocar Fat Bottomed Girls, sob uma animação de bicicletas em cores neon. Um coisa que percebi é que o Paul Rodgers não tem a menor graça cantando. Não sei se era só culpa dele, mas parecia que as músicas eram tocadas em um andamento mais lento, e mesmo assim ele tinha dificuldades de acompanhar. Sem falar nas diversas "liberdades de expressão" que o cara tomou durante as músicas do Queen que cantava. Quem me conhece, sabia que eu ia reclamar de qualquer outro vocalista que não fosse o Freddie. E ia mesmo. Mas minhas reclamações são justas, acredito eu.
Logo depois de Fat Bottomed Girls veio Another One Bites the Dust, acompanhada por uma animação bem divertida ao fundo. Após, a banda tocou I Want It All, do álbum The Miracle (um dos álbuns que o Queen não fez turnê). A canção ficou bem legal na voz do Paul e desta eu não vou reclamar. Em seguida tocaram I Want to Break Free, que ficou bem lentinha e chatinha. O povo até curtiu, mas eu não me empolguei com ela não. Depois foi a vez de C-Lebrity, single do CD novo The Cosmos Rocks. A canção foi muito bem executada e os backing vocals impressionaram. Aliás, algo que esqueci de comentar. Além dos três caras esperados (Brian May, Roger Taylor e Paul Rodgers) havia ainda um tecladista, um baixista e mais um guitarrista de apoio. Grande parte dos backing vocals foram feitos por esses caras, que arrasaram. C-Lebrity soou muito mais natural do que as canções anteriores. isso talvez deva ao fato dela ter sido feita para o vocal do Paul e de ninguém ter uma gravação dela com o Freddie cantando para poder comparar. Depois disso eles tocaram Surf's Up... School's Out, também do álbum novo, uma música que seria bem divertida não fosse o fato de ser uma música que fala de rebeldia adolescente escrita por senhores de certa idade. Soou meio forçado o tema, na minha opinião. Com o fim dessa música, Brian falou ao microfone e apresentou o Paul Rodgers, que apareceu com um violão na mão sozinho e cantou uma música que não sei qual era. Acho que ninguém percebeu, mas o violão não estava plugado em lugar nenhum. Neste momento eu estava bastante entediado. O show havia começado até que bem, mas estava muito cansativo e sem a menor animação.
Foto do show de São Paulo - 26/11
E eis que acaba a música do Paul e ele saí (uhu!!!). Nisso, volta o Brian com outro violão (este plugado). Percebo que o violão tem 12 cordas, o que só pode significar uma coisa. Quem é fã do Queen já sabe o que aconteceu. Mas para quem não é, saiba que foi neste momento que Brian perguntou ao público se gostaríamos de cantar uma canção para o Freddie. É claro que aceitamos e Brian tocou Love of My Life para que cantássemos, como sempre acontece nos shows do Queen desde o final dos anos 70. Love of My Life foi um momento lindo, apesar d'eu já estar meio cansado dela. Acho que o que me animou foi o fato dela ser tão tradicional que me fez voltar a perceber que estava um show do Queen. Após Love of my Life, os roadies começaram a trazer mais um micofone e o bumbo de uma bateria para mais um momento clássico dos shows do Queen: '39. De início, somente Brian e Roger tocaram a música. Mas após o primeiro refrão, Brian interrompeu e chamou o resto da trupe (sem Paul, graças ao Bom Pai) para continuar a música. Terminada ela, todos partiram menos Roger, que ficou batucando na lateral de sua bateria, tirando um som num kit menor mesmo que o do Flavio (Pinguim, para a gente) do Projetonave. Ao lado do seu bumbo estava o contrabaixo acústico que o baixista havia levado para tocar '39 e o próprio baixista. Então o Roges começou a batucar no baixo e o baixista a pressionar as notas para que Roger solasse algumas melodias. Em certo momento, Roger e o baixista tocaram trechos de Under Preassure e Another One Bites the Dust com Roger batucando o baixo e o baixistas escolhendo as notas corretas. Bem criativo.
Depois disso Roger voltar para seu bumbo e continua a batucar na lateral. Um roadie traz um chimbal e uma caixa e Roger continua solando. Aos poucos são adicionadas outras partes da bateria, sem que o solo seja interrompido, até que uma bateria completa tenha sido montada na frente do palco. Quando eu percebi que a intenção era montar um kit completo pensei: "Putz, I'm in Love With My Car", música que tem Roger nos vocais originalmente. Eu estava certo. Todos os momentos em que o Queen tocou sem o Paul Rodgers foram mágicos. Não senti falta de outro vocalista em nenhum momento e somente o Brian e o Roger fizeram um show (com a banda de apoio, é claro - estamos falando de Queen, não White Stripes). Ao acabar I'm in Love With My Car, achei que Roger fosse voltar para sua bateria no fundo do palco, mas ele continuou na frente e tocou e cantou A kind Of Magic, que ficou bem animada e divertida. Depois ele seguiu em sua bateria frontal e começou a cantar Say It's Not True, uma canção velha do álbum novo, pois já estava presente no CD ao vivo de 2005 - Return of the Champions. Disse que Roger começou a cantar, pois logo Brian tomou os vocais e por último Paul retornou para finalizar a canção.
Paul estava de volta, o que significava momentos chatos. Após Say It's Not True, Roger voltou a sua bateria aos fundos do palco e as luzes se apagaram. Em questão de segundos, a bateria havia sumido e haviam colocado um piano bem no centro do palco. A idéia foi bem legal, mas a canção tocada, não. Não sei ao certo, ams me parece que era Bad Company, da banda Bad Company (a qual Paul Rodgers era vocalista). A música foi executada com imagens da carreira do Paul ao fundo. Perda de tempo na minha opinião. Mas fazer o que: era um show do Queen+Paul Rodgers e não apenas do Queen. Após bad Company, mais uma do CD novo, We Believe, que, como todas as canções do álbum novo, foi executada à perfeição (principalmente nos coros, insisto).
Em seguida, Brian começou a solar. No meio do solo ele inseriu partes de seu solo favorito, o solo de Brighton Rock. Uma curiosidade: o solo de Brighton Rock começou a ser desenvolvido quando Brian ainda estava no Smile e era usado em uma música chamada Blag, se não me engano. Mais tarde, já no Queen, Brian adicionava o solo quando executava Son and Daughter ao vivo. Eu pensei que Brian ia começar a tocar Now I`m Here, mas ele me surpreendeu e começou a tocar Bijou (que faz parte do álbum Innuendo - outro sem turnê e último do Freddie em vida). A música é basicamente um grande solo de guitarra, mas há vocais. Nesta parte, um vídeo de Freddie apareceu no telão, para alegria do povo e um playback de Freddie cantando foi ouvido. Após Bijou, Brian continuou o solo, desta vez acompanhado levemente por Roger. Eles tocaram alguns temas que me pareceram conhecidos, mas eu não soube identificar. Em emenda a isso, tocaram Under Preassure, com Roger nos vocais. A música foi executada maravilhosamente e tive uma alegria imensa em ouví-la ao vivo. No momento lembrei-me de um texto que escrevi a algum tempo atrás que fala sobra a importância de amar, pois não há mais nada nos dias de hoje de bom. Foi um dos momentos em que mais me alegrei no show. Após Under Preassure, tocaram Radio Ga Ga, outro clássico de shows. Todo mundo sabia que devia erguer as mãos no refrão e batê-las no ritmo. O hilário foi perceber que a noção de ritmo e tempo de alguns não anda muito boa. Dei umas boas risadas nesta música. Depois disso tocaram Crazy Little Thing Called Love, uma música legal que não fede nem cheira: um rock dançante e ponto. Mas após essa música, eles conseguiram me embasbacar. Tocaram The Show Must Go On (do Innuendo também) e a executaram com uma beleza magistral (que seria maior ainda se não tivesse o Paul Rodgers enchendo o saco). É nessas horas que você vê todo o potencial do Queen e do Freddie. Nem preciso falar sobre como amo essa música, não? Mas para quem achar que preciso falar, leia este post antigo. Com o fim do The Show Must Go On, um momento óbvio que eu havia me esquecido que aconteceria: Bohemian Rhapsody. Confesso que não me animei com a execução de um dos maiores clássicos do Queen. Bohemian é uma canção para estúdio, não tem motivo de tocá-la ao vivo. para piorar as coisas, a versão desta turnê é uma colagem absurda de áudios do Freddie cantando com o Roger e o Brian tocando a música ao vivo. Isso não seria problema se não houvesse um choque muito grande entre esta parte e a parte "operística" da música (a dos Galileos), que já é tradicionalmente executada com playbacks. A terceira parte (a Heavy Metal) também chocou-se com a segunda e senti uma leve mudança de tons por causa do Paul (o mal do século, vocês já devem estar pensando). Com o final de Bohemian, encerrou-se a primeira parte do show.
Seguindo o teatrinho do bis, a galera começou a clamar por Queen (um dos piores nomes de banda para se gritar - façam o teste para ver como soa mal) e depois de um certo tempo, começaram a cantas We Will Rock You, prova de que todo mundo sabia que o show já havia acabado, só faltavam cumprir o protocolo de despedida We Will Rock You + We Are The Champions. Tudo o que viesse antes disso seria enrolação. Mas foi exatamente o que aconteceu.
Quando o Queen + Paul Rodgers retornou, eles tocaram a canção tema do álbum novo, a Cosmos Rockin' e eu me peguei pensando em como essa canção seria famosa se tivesse os vocais do Freddie. Entendam, a música é realmente muito boa, e os vocais do Paul estão ótimos, mas o Freddie é o Midas da música pop e ficou faltando o toque dele para transformar The Cosmos Rock em ouro puro. Com o fim da canção, eles tocaram mais uma música do passado do Paul. Eu não sei exatamente o nome da música, mas ela é bem conhecida. Após uma pesquisa no Google, acredito que ela se chama All Right Now e é do Free (outra banda do Paul Rodgers). Ficou provado que o Paul nào é um mau vocalista, pois ele cantou All Right Now muito bem. Ele só não serve pra susbstituir o Freddie (mas quem serve?). Uma barra de chocolate para quem ler até aqui. Após esta, a banda seguiu o protocolo e encerrou o show com a dobradinha do News of the World, We Will Rock You e We Are The Champions. Nào sinti nenhuma emoção ouvindo-as. Alias, eu já não gostava muito delas nos CDs ao vivo com o Freddie, por que gostaria com o Paul Rodgers? Então rolou God Sae The Queen, a banda se curvou para o público, após duas horas e vinte e dois minutos de show e 27 músicas, agradecendo e partiu.
Em resumo, o setlist foi o seguinte:
1 Hammer to Fall
2 Tie Your Mother Down
3 Fat Bottomed Girls
4 Another One Bites the Dust
5 I Want It All
6 I Want to Break Free
7 C-Lebrity
8 Surf's Up School's Out
9 Música em que o Paul Rodgers fez playback no violão
10 Love of My Life
11 '39
- Solo do Roger
12 I'm In Love With My Car
13 A Kind Of Magic
14 Say It's Not True
15 Bad Company
16 We Believe
- Solo do Brian
17 Bijou
- Fim do solo do Brian
18 under Preassure
19 Radio Ga Ga
20 Crazy Little Thing Called Love
21 The Show Must Go On
22 Bohemian Rhapsody
BIS:
23 Cosmos Rockin'
24 All Right Now
25 We Will Rock You
26 We Are The Champions
27 God Save The Queen
A saída rolou sem nenhum problema e a retirada dos meus casacos na chapelaria foi quase instantânea (ao contrário da irritante espera na fila do pocket-show do Marilyn Manson). Na rua segui até o final da Funchal para evitar entrar num taxi e ficar parado aguardando o congestionamento causado pela quantidade de carros saindo de estacionamentos naquele momento. Lá tomei um taxi com o Sidnei, um senhor muito gente boa e educado. Viemos conversando durante o caminho de volta, que foi realmente rápido. Tanto que o taxi na volta saiu por R$20,00 (R$18,20 na verdade, mas dei gorgeta). Aliás, quem estiver pela região da Faria Lima/Pinheiros de madrugada, precisando de um taxi, pode ligar para ele (11) 8344-1897.
Agora estou aqui em casa, terminando esta resenha que demorou quase o mesmo tempo que o show rolou para ser escrita, feliz da vida por ter vivido os momento que vivi hoje e com apenas um pensamento na cabeça:
"Tudo bem que o Freddie Mercury era um vocalista único e que seria realmente difícil encontrar alguém a sua altura para substituí-lo. Mas, será mesmo que precisavam chamar o Chuck Norris?"
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