segunda-feira, 10 de novembro de 2008

madrugada de domingo/manhã de segunda

4 e 40, hora de uma pausa. Esta noite sei que não dormirei. A apresentação do trabalho final de uma matéria da pós é amanhã e ainda há muitos detalhes a serem corrigidos no vídeo e nas outras peças audiovisuais. Tenho fome. Decido ir até a lanchonete 24 horas que fica na esquina. Pego a primeira camiseta que não está muito fedida no bolo de roupa para lavar e me preparo para sair. O barulho, apesar de controlado, acorda um amigo que dorme no sofá. Ele me manda ir se foder. Eu agradeço e saio. No hall de entrada, o porteiro decide pedir uma ajuda técnica a respeito da instalação de sua internet. Dou umas respostas padrão, digo que vou pesquisar melhor e saio. A noite não está muito fria e o clima chega até a ser agradável, não fosse uma ocasionais rajadas de vento. No caminho à lanchonete, vejo uma casal gay voltando de algum lugar. Eles parecem animados. Chego a lanchonete, aguardo alguns momentos enquanto outra pessoa é atendida. O lugar todo está em clima de faxina. Não me parece muito apetitoso comer aqui, mas não há outra opção. Peço meu lanche que, junto com o refrigerante, fica em R$10,20. “Um preço ridículo”, penso, já que obriga as pessoas a terem moedas ou a levá-las como troco. Entrego uma nota de 20. A atendente não tem troco e diz que eu devo 0,20 a ela. Finjo achar graça e vou para as mesas na parte de fora da lanchonete aguardar meu lanche. A minha frente há um casal discutindo. O rapaz é feio demais para a garota, mas é ele quem dirige a maioria dos ataques, enquanto ela se defende e fica a todo tempo passando o indicador sobre os cantos dos olhos. Em outra mesa há um grupo de homens e uma grande pilha de latas de cerveja, eles riem um pouco e chego a ficar em dúvida se é realmente segunda-feira ou se ainda é madrugada de domingo. Há ainda um outro grupo dividido em duas mesas separadas. Esse grupo participa de um ritual estranho: todos os que estão comendo ficam em uma mesa, quem não come (ou já acabou) fica em outra. Quando alguém termina a refeição, move-se para a outra mesa, até não ficar ninguém. Um morador de rua aborda o casal e pede um cigarro. O rapaz lhe entrega o cigarro com as mãos nervosas, deixando-o cair uma vez. O morador de rua pede fogo e o rapaz acende seu cigarro. Então ele acende mais um, só que para si desta vez. Percebo que meu lanche está quase pronto. Aproximo-me do balcão e aviso que será para viagem. O chapeiro atende meu pedido e altera a embalagem. Saindo da lanchonete, vejo um entre o grupo dos bêbados tentando fazer uma torre de latinhas, olhando para seus colegas com a expressão de quem sabe que vai dar merda, mas que vai fazer do mesmo jeito. Dou uma última olhada para o casal. Se parece ameaçar deixá-la ali sozinha. Imagino que se ele fizesse isso, eu chegaria nela. Mas eu sei que isso é mentira. Volto para casa, cumprimento o porteiro novamente, tento não fazer barulho ao entrar na sala e volta para o computador.

Sei que é piegas mas, como é bom estar vivo!

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